segunda-feira, 28 de junho de 2010

O espetáculo da vida

O espetáculo da vida

Há quem acredite que nasçamos pré destinados, que tenhamos um livro já escrito antes de nosso primeiro contato com o mundo e que não o possamos ler devido ao fato de que iríamos querer mudar o que ali diz. É como uma biblioteca enorme, com romances, tragédias, comédias, na qual apenas o escritor tem acesso as publicações nela contidas. E se não podemos ler o livro que nos diz respeito, jamais saberemos o que acontecerá no segundo seguinte a tantos planos que costumamos fazer. Combinamos de ir à praia, e chove, de ir ao cinema, e acabam os ingressos da sessão. Sonhamos, muito, com o nosso salário mais alto, com a promoção no emprego, com príncipes e princesas encantados que parecem nunca vir. A cada dia que passa, conhecemos mais e mais pessoas, e jamais imaginamos que o nosso amigo de bar pode ser o nosso próximo chefe e o colega de classe, nosso futuro marido. Vivemos e convivemos com as pessoas sem ao menos poder ler a introdução ou o índice de seus livros. Conhecemo-nas no convívio diário, entre a primeira palavra e o convite de casamento parece que foram apenas alguns beijos. Rimos, choramos, brincamos, caímos, erguemos e assim vivemos. O amanhã é sigiloso e só se desvenda no momento em que acontece. Podemos planejar, como muitas vezes o fazemos, mas se não estiver escrito em nosso livro que aquilo é o certo, de fato não acontecerá. Não adianta querermos, "A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios", e de fato no momento o improviso é sempre a solução. Somos todos protagonistas deste brilhante espetáculo que é a vida, e devemos fazer dele o melhor possível. Mesmo que não possamos saber se conseguiremos de fato um salário mais alto, devemos lutar a favor dele, devemos amar, devemos nos jogar de braços abertos no mundo, pular do penhasco sem medo. E no fim, quando as cortinas se fecharem, aqueles que conosco conviveram, aplaudirão de pé o livro de nossas vidas.

Raissa Guida

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