sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A mar

O poeta se apaixonou.
Não pela bela menina,
Não pela encantadora mulher.
Apaixonou-se pelo mar,
Pela água em si.
E foi amor a primeira vista.
Viu, com toda sua sensibilidade,
Que a água era o reflexo de tudo o que ele conhecia.
E, com toda sua sabedoria,
Apenas apreciou.
Em silêncio.
Um silêncio profundo..
Jamais contou sua paixão a alguém,
Para que não lhe roubassem.
E todos os dias apreciou sua bela.
Morreu.
A água não, o poeta.
Estava doente.
Atirou-se ao mar,
Por amor.
No fim da vida
Entregou-se aos braços da amada.
E agora,
Descansa em paz.

Raissa Guida

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Nos "recém-tempos"

Abri os olhos, enxerguei o mundo pela primeira vez, chorei.
O sangue ainda estava em minha cabeça, e gentilmente fui levada para o meu primeiro banho, que delícia!
Me acalmei.
Agora estava recolhida nos braços de minha mãe que me olhava com admiração, apreciava sua criação e a mostrava para os que ali estavam com muito amor.
Estava perplexa com tudo aquilo, sorri. O sorriso mais doce e puro que uma criança pode dar, o sorriso que não tem dentes, não tem som, não tem aparência, um sorriso com o coração. Uma felicidade.
Depois fiquei cansada. Fechei os olhos, dormi.
Nunca mais voltou esse dia. Mas como eu queria..
O recém-nascido é tão puro, tão sem malícias, inocente como só.
Sorri com a alma e chora somente com o que realmente lhe encomoda.
São apreciados, admirados, acariciados, amados.
E só aceitam.
Mas como eu queria..

Raissa Guida